terça-feira, 17 de novembro de 2015

Universidade, democracia e doutrinação


Por J. J. de Espíndola, PhD.

Artigo sobre o estereotipado conceito de democracia em universidades brasileiras.


Universidade
Democracia

"A universidade não pode ser incompatível com o regime democrático..."  (João Veras de Souza, doutorando do CFH, no blog do Moacir Pereira)


Já comentei que este artigo é de indigência factual perturbadora. É produto da lavagem cerebral que permeia (com as conhecidas exceções) o CFH e outras plagas (ou seriam pragas?) da UFSC.

O que o autor quer dizer é óbvio: se a universidade não se comportar como um sindicato, um clube recreativo, ou uma nação, onde todos tem direito de votar os dirigentes, ela será "incompatível com o regime democrático". Dito de outra maneira: se os docentes, discentes e servidores não forem tomados como "cidadãos eleitores paritários" da "republica da universidade" ela será "incompatível com o regime democrático". É isto que inculcaram na mente deste pobre doutorando do CFH.

Impossível encontrar-se besteirol maior.

Implica em dizer, segundo este doutorando do CFH, que instituições universitárias notáveis como Caltech, MIT, UCLA (com todos os seus campi) e Stanford são "incompatíveis com o regime democrático" norte americano.

Instituições como Oxford, Cambridge, Manchester, Universidade de Londres, são todas, segundo o besteirol padrão no CFH, "incompatíveis com o regime democrático" do Reino Unido, segundo a doutrina deste doutorando do CFH. E tudo isto porque essas instituições universitárias não operam com "repúblicas", isto é, nelas alunos, servidores e a grande maioria dos docentes não são ouvidos na escolha dos dirigentes, sejam os dos Departamentos, dos centros (Schools, Colleges, Faculties) ou o Reitor. Pelo menos as 200 mais importantes universidades do mundo, segundo o ranking da Times Higher Education, (http://www.timeshighereducation.co.uk/world-university-rankings/2013-14/world-ranking) não são "compatíveis com o regime democrático", segundo o besteirol emanado do CFH pela letra deste doutorando.

E passamos, pois, através da doutrina que exala do CFH e proximidades, a explicar a países como Reino Unido, França, Suécia, Dinamarca, Alemanha, Estados Unidos, Canadá, Austrália, e tantos outros, como suas universidades devem se estruturar para serem "compatíveis com a democracia".

Nós (quer dizer o CFH e adjacências), estamos ensinando democracia ao mundo, mesmo que em alguns desses países o regime democrático seja já secular. É o cachorro magro e infestado ensinando o cachorro bem nutrido, bem dormido, bem lavado e vacinado a proteger-se das pulgas!

A que ridículo conduz a ignorância e a falsidade. Em meus 43 anos de universidade, jamais li tamanho lixo conceitual.

É preciso combater de público esta doutrinação perniciosa, até para levar à sociedade, que com seus impostos custeia a universidade, a mensagem de que a esmagadora maioria dos docentes, discentes e servidores administrativos dela (a doutrinação) não comunga e até a repudia, muito embora silenciosamente. Esta esmagadora maioria está preocupada mesmo é com suas obrigações: o docente em pesquisar, montar e manter laboratórios, e ensinar, o servidor administrativo, em cumprir sua importante função meio e os alunos em estudar, aprender, preparar-se para a vida e para o mercado de trabalho.

Já foi recentemente avaliado que os alunos receptivos a esta doutrina deletéria e engajados na luta pelo poder na UFSC, não passam de 1% do alunado total. Mas são ativos, barulhentos e até violentos (a Revolta da Maconha da UFSC não deixou dúvidas quanto a isto) como seus mentores docentes e sempre em busca de brechas para ocupar o poder onde ele se encontra: nos órgãos colegiados, nas chefias de Departamento e Direção de Centros e last but not least, na eleição do Reitor.

Temos, a parte saudável da universidade, que se preocupa apenas com seu dever funcional, de combater esta milícia do poder e do atraso.

Mas este combate é também da sociedade toda, que paga a universidade com seus impostos para que ela seja um instrumento valioso de formação dos melhores quadros do país e de geração do conhecimento e tecnologia que impulsionam o desenvolvimento.


José J. de Espíndola, Ph.D., Dr.H.C., é Professor Titular da UFSC, Departamento de Engenharia Mecânica, aposentado.
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Prezadas & Prezados;


O Art. 16 da Lei # 5540 de 28/11/1968, já na forma ditada pela Lei # 9192 de 21/12/1995, assim reza:

  • "O Reitor e o Vice-Reitor de universidade federal serão nomeados pelo Presidente da República e escolhidos entre professores dos dois níveis mais elevados da carreira ou que possuam título de doutor, cujos nomes figurem em listas tríplices organizadas pelo respectivo colegiado máximo, ou outro colegiado que o englobe, instituído especificamente para este fim, sendo a votação uninominal;" (O destaque é meu)

Ora, pois, a nossa ‘magnífica’ não atende ao quesito de pertencer a um dos dois níveis mais elevados da carreira (ela é, apenas, adjunto IV). Mas (neste país há sempre um “mas”, o “mas” que caracteriza o famigerado jeitinho brasileiro), como ela tem o grau de doutor, mesmo que por um curso de terceira classe (História da PUC–São Paulo, nota 04 na classificação da Capes), está aí, humilhando os docentes de respeitável currículo acadêmico, que são forçados a prestar-lhe as reverências devidas ao cargo,- prestigiando o proscrito do nosso meio, o Andes-SN, com nomeação de seus afiliados para dar piteco em assuntos internos da UFSC (como no caso da comissão reitoral para analisar planos de saúde e, ainda a ser comprovado, na participação do CUn) e envergonhando a UFSC, no caso da Revolta da Maconha e do Pó, pelo seu alinhamento claro em defesa dos marginais do Bosque e da ocupação da reitoria.

E tem mais.

Por aquele absurdo artigo (
Art. 16 da Lei # 5540 - FHC às vezes assinava sem ler, ele mesmo já confessou isto de público) qualquer neófito, mesmo um iniciante Assistente, pode ser eleito ‘magnífico’ reitor, desde que possua o grau de doutor, mesmo que conferido pela universidade de Deus Me Livre!

Isto seria análogo a um jovem padre, mas com o doutorado em Teologia, vir a ser eleito Papa e, consequentemente, passar a presidir o Colégio de Cardeais.

Ou o caso de um Major do Exército, mas com o diploma da Escola Superior de Guerra, vir a ser nomeado Ministro do Exército, ou, quem sabe, comandante do Terceiro Exército, com jurisdição sobre os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Claro, os demais generais lotados nesta região deverão bater respeitosa continência de cima para baixo, como costumam fala ao major comandante.

Eu fico aturdido, quando penso nessas coisas. Perdeu-se de todo o bom senso neste país? Dispensou-se do hábito de pensar o óbvio e o senso comum? Parece que sim!

As consequências estão aí nas estatísticas que nos envergonham.

Porque não se procura mudar este ‘statu quo’ absurdo, como primeiro passo para a valorização do mérito acadêmico?

O Apufsc-Sindicato daria apoio logístico e jurídico a tal movimento?

José J. de Espíndola

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Veja também:
(Clique sobre o título)
  1. CHAMAMENTO AOS ARTISTAS
  2. A ESTULTA ARTE DE DILMA
  3. CONSPIRAÇÃO CONTRA O BRASIL
  4. FANATISMO E POLÍTICA
  5. PSEUDOCIÊNCIAS, SUPERSTIÇÕES E IDEOLOGIAS SÃO PERNICIOSAS
  6. USO DA ESCOLA PARA DOUTRINAÇÃO POLÍTICA
  7. DOUTRINAÇÃO NAS ESCOLAS E UNIVERSIDADES


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