quarta-feira, 29 de novembro de 2017

A ordem é marchar

Por Almir M. Quites

Manifestante pró Bolsonaro na Alemanha!?

A ordem é marchar! Aleluia! Quem é o todo poderoso que nos ordena marchar?

Marchar ou meditar? Eis a questão!

Depois da eleição de Donald Trump como 45º presidente dos Estados Unidos, com a estratégia que Vladimir Putin usa na Rússia, a campanha eleitoral do Brasil, mesmo que ilegalmente precoce (aqui ser ilegal é coisa normal), já virou uma GUERRA DE "FAKE NEWS" (neologismo para "notícias falsas"). É tanta mentira que já inventamos que estamos na era da "pós verdade"! Muito chique!


Há uma intoxicação tão grande de mentiras nas redes sociais que o povo delira desnorteado. Lula, Bolsonaro e "intervenção militar" são os temas que atualmente seduzem o pobre povo brasileiro pelas redes sociais. Por que estes temas entre tantos outros? 

O pior é que a grande maioria dos internautas repassa bobagens sem qualquer leitura um pouco mais cuidadosa, sem qualquer pesquisa de autenticidade e sem um pingo de pudor. São tolos sendo usados por especialistas bem pagos por líderes poderosos. 

Aumenta o número dos que marcham juntos sem consciência do que fazem. Marchar é caminhar processionalmente, sem discutir o objetivo e não importando quem organize o evento. É aquele instinto gregário que Albert Einstein detestava! "Para marchar junto basta a medula espinhal", dizia Einstein, "não há necessidade de cérebro". O instinto gregário é tendência que leva os homens ou os animais a se juntarem, perdendo, momentaneamente, suas características individuais.

É muito fácil criar um texto falso, ou uma foto ou um vídeo, conforme mostrou o jornal El País na sua edição de 24/11/2017. Até robôs cibernéticos podem fazer isto

Segundo o citado jornal, no Reino Unido, um texano, seguidor de Trump, usava uma foto de um atentado em Londres para difundir ódio racista a partir da sua conta no Twitter, a @SouthLoneStar. Recebeu o apoio de milhares de retuítes (repasses de mensagens do Twitter) e foi combatido por centenas de milhares de postagens que reprovavam sua islamofobia. Assim, alcançou, em dois anos, mais de 50.000 seguidores interessados em seus tuítes contra Clinton, contra os muçulmanos e a favor do Brexit (abreviação das palavras em inglês Britain [Grã-Bretanha] e exit [saída]. Designa a saída do Reino Unido da União Europeia).

No outro lado do Atlântico, nos EUA, a conta @TEN_GOP angariou 130.000 seguidores graças a suas diatribes pró-Trump, ultracristãs, militaristas e contrárias à grande imprensa e aos antifascistas. Suas postagens foram compartilhadas por figuras da direita midiática dos EUA e chegaram à esfera mais próxima do presidente Trump: seu filho Donald, seu assessor de Segurança Nacional, sua chefia de campanha. Todos retuitaram. Diversos jornais, como The Washington Post e Los Angeles Times, até citaram seus tuítes como exemplo do pensamento conservador.

O fato é: 
  • a conta @SouthLoneStar não era do texano e 
  • o dono da conta @TEN_GOP nunca havia estado nos EUA.
Eram simplesmente duas contas entre milhões de contas fraudulentas comandas a partir da Rússia, na mais famosa fazenda de "trolls" do planeta: a Internet Research Agency (IRA), uma entidade respaldada pelo Kremlin (residência oficial do Presidente da Rússia) que se dedica a desinformar e intoxicar as redes sociais em escala global. Ela pastoreia as redes sociais e, desse modo, manipula o debate público.

Nos EUA, duas contas fraudulentas russas convocaram e anunciaram no Facebook manifestações em frente a uma instituição islâmica de Houston: uma, islamofóbica, e outra, em defesa dos muçulmanos. Os dois grupos se chocaram na rua e a imprensa interpretou esse confronto como um exemplo de "profunda divisão entre norte-americanos".

Instituto da Internet da Universidade de Oxford analisou a fundo este fenômeno em nove países e concluiu: “os robôs utilizados para a manipulação política também são ferramentas efetivas para as campanhas de ódio". 

Atualmente esta tarefa de usar as redes sociais na propaganda de guerra já não é monopólio dos russos. Governos de diversos países, inclusive os EUA e países da America Latina, empregam “exércitos de formadores de opinião” para controlar a opinião popular, difundir as ideias de sua conveniência, rebater as críticas nas redes sociais e impedir o debate sério. Estes exércitos são mecanismos virtuais, não humanos. São aplicativos (softwares). Os governos e políticos poderosos contratam redes de robôs (contas automatizadas) para influenciar o discurso político. 

Esse tipo de manipulação é mais difícil de detectar e de combater que outros tipos de censura, como o bloqueio de "sites" (Local e endereço virtual utilizado pela internet). Semear a confusão é mais eficiente e sutil do que bloquear "sites".

Muitos robôs são híbridos, isto é, são compostos de aplicativos e seres humanos operando em conjunto. São chamados de "Cyborgs". Geralmente os robôs atuam como "troll". Na internet, o troll é aquele usuário que inviabiliza o debate sério provocando e enfurecendo as pessoas envolvidas em uma discussão sobre determinado assunto, geralmente com comentários injustos e ignorantes.

Conforme relata Javier Salas em seu artigo no jornal El País, de 24 de novembro, as redes de desinformação trabalham com o rebanho digital em três níveis: "os pastores, que são contas muito influentes que ditam o tom do diálogo; os cães pastores, que amplificam a mensagem e atacam os rivais; e finalmente milhares de contas automatizadas que, como ovelhas, movem-se balindo para onde lhes mandarem, gerando uma falsa sensação de maioria social".

Esses rebanhos não tem o objetivo de convencer alguém. Foi o que explicou Adrian Chen, um dos jornalistas que revelaram a existência da IRA, no The New Yorker. “O verdadeiro efeito”, escreve, “não era lavar o cérebro dos leitores, mas inundar as redes sociais com conteúdo falso, semeando dúvidas e paranoias e, assim, destruindo a possibilidade de se usar a internet como um espaço democrático”. Em outras palavras, se opositores fazem criticas ao governo, a militância virtual (os "trollers") entram em ação, desviam o assunto, introduzem confusões e entopem a rede com outros temas com alto potencial para "viralizar" (neologismo: repercutir repentinamente na internet, criando uma “epidemia” de internautas falando sobre o mesmo assunto). O debate honesto fica inviabilizado.

Quem controlava a @SouthLoneStar não pretendia convencer, mas polarizar o diálogo em torno do racismo, do ódio e da xenofobia. E conseguiu. Mais de 80 notícias da mídia britânica incluíram tuítes da pequena amostra de 2.700 usuários derrubados pelo Twitter por serem da IRA, segundo o The Guardian. 

Os usuários tendem a propagar informação de baixa qualidade, como as notícias falsas, porque estão inundados por elas e têm uma capacidade de atenção limitada” , afirma Filippo Menczer, pesquisador da Universidade de Indiana (EUA) [citado por Javier Salas/El País]. Menczer é um pioneiro na caça e captura de robôs malignos porque acredita que eles são um problema para a democracia, a qual se baseia em um eleitorado bem informado: “Os robôs sociais são eficazes em induzir as pessoas a acreditarem e compartilharem alegações falsas, manipulando a informação a que estão expostos”. "Isto se obtém", explica, "criando a falsa impressão de que muitas pessoas compartilham uma opinião, ou pondo em xeque os vieses cognitivos e sociais das pessoas". “Se você consegue desinformar e enganar os eleitores, está obstruindo sua capacidade de votar com base em opiniões bem informadas”, denuncia. 

As plataformas virtuais vivem do tempo que os usuários passam nelas, graças a conteúdos que sejam espalhados e que gerem envolvimento. Além disso, aparecem novos atores, como jornais digitais sem jornalistas, criados exclusivamente para viralizar notícias inventadas, meias verdades e informação extremista, porque esses materiais são consumidos com avidez e geram suculentos lucros publicitários, sem a necessidade de gastar em salários. 

Pouquíssimas pessoas leem a notícia completa antes de compartilhá-la; muitas vezes, difunde-a apenas pela captura do título.

As redes de robôs manipulam não apenas os usuários, mas também algoritmos das redes sociais, mostrando propaganda nas tendências e na parte superior do "feed " de notícias. Os robôs são ativados em momentos de maior interesse político: eleições, referendos, crise. 

Agora começa a campanha eleitoral de 2018 no Brasil. Os robôs e "Cyborgs" vão criar uma realidade falsa. O governo e os partidos têm,  todos eles, um interesse comum: fazer com que o povo se engaje na campanha eleitoral como se fosse um Fla-Flu de antigamente. Assim, fanatizado, o povo vai legitimar uma eleição que é, ela própria, uma farsa, porque está sob total controle do caciques políticos. Estes simulam oposições, mas, de fato, trabalham coordenadamente com objetivos comuns.

Atrocidades contra o processo eleitoral ferem a própria democracia, portanto deveriam ser classificadas como crime hediondo. No entanto, os parlamentares brasileiros são os primeiros a praticar estes crimes e, por isso, não tem qualquer interesse em fazer leis contra eles. Nem mesmo os crimes cibernéticos de menor gravidade em relação ao citado, são previstos em Lei. Por exemplo, se alguém invadir remotamente seu computador e apagar todos os seus arquivos, nenhum crime terá sido cometido, segundo as leis brasileiras. Para puni-los, é preciso enquadrar estes crimes na tipificação existente de algum outro. Enquanto isso, robôs cibernéticos podem conduzir um país inteiro ao abismo moral e econômico. Contudo, o próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não está interessado neste assunto.

Continue lendo aqui:
BRASIL, EM SE MENTINDO TUDO PEGA (http://almirquites.blogspot.com.br/2017/10/brasil-em-se-mentindo-tudo-pega.html)
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Almir Quites
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