domingo, 29 de abril de 2018

Invasão de "Fake News"

Por Almir M. Quites

Os pessoas e grupos das redes sociais publicam muitas mensagens falsas, boatos ("fake news"). Repassam mentiras sem o mínimo cuidado quanto a veracidade. Algumas já não distinguem o real do virtual.
A desinformação é de tal ordem que alguns conhecidos meus acreditam que estão participando de uma guerra tipo comunismo x militares ou esquerda x direita ("mortadelas x coxinhas"). Eles criam e repassam notícias falsas sabendo que são falsas, em total desrespeito aos seus colegas e amigos. Justificam-se dizendo que "guerra é guerra". Repassam notícias falsas para "vencer o inimigo, usando as mesmas armas que eles (os supostos inimigos) usam, de preferência piores que as deles, porque o objetivo é aniquilar o inimigo", dizem. Comportamento quixotesco.

No entanto, não há guerra alguma. Isto é pura fantasia.

A guerra entre esquerda e direita não existe no Brasil real. É verdade que o Estado brasileiro foi sequestrado por uma Organização Criminosa Mor (OrCriM), em torno da qual orbitam centenas de outras organizações criminosas menores, mas isto não tem nada de ideológico. Convivem nesta quadrilha bandidos de todos os partidos, ditos de direita e de esquerda.

A tal guerra entre militares e comunistas também não existe. Os militares conviveram em perfeita harmonia com os governos de Luis Inácio Lula da Silva, de Dilma Rousseff e com o atual, de Michel Temer. Não há qualquer tipo de ruptura dentro do governo ou entre os militares. Inclusive os militares aceitaram e se subordinaram a ministros da defesa petistas ou francamente comunistas, como Celso Amorim (
de 4 de agosto de 2011 a 1 de janeiro de 2015), Jaques Wagner (de 1 de janeiro de 2015 a 2 de outubro de 2015), Aldo Rebelo (de 2 de outubro de 2015 a 12 de maio de 2016) e Raul Jungmann (de 12 de maio de 2016 a 26 de fevereiro de 2018).

Claro que também há militares pondo "lenha nesta fogueira", como já me referi no artigo
MATUTANDO SOBRE INTERVENÇÃO MILITAR (http://almirquites.blogspot.com.br/2017/01/matutando-sobre-intervencao-militar.html). No entanto, não é nada que chegue a preocupar a cúpula militar.

Quando mensagens falsas são publicadas em nossos grupos nas redes sociais, que se deve fazer?

Faz parte da cultura brasileira (diferentemente de outras) ocultar os conflitos, embora sejam evidentes.

Muitas pessoas entendem que não se deve avisar ao grupo todo quando algo publicado é falso, talvez para não constranger quem repassou inocentemente a mentira. Eu discordo deste entendimento. Acho que isto é desonesto para com o grupo. Na minha opinião, o que se deve fazer é promover a prática de checar as notícias, antes de repassá-las, e de apreciar quando alguém nos avisa de um erro cometido. Tudo na maior serenidade!

Uma estratégia de compromisso, embora ainda seja desleal com o grupo, seria enviar mensagem particular só para quem a repassou. Assim, deixa-se ao próprio infrator o dever de julgar e corrigir a informação, o que ele fará, a menos que haja dolo de sua parte.

Outra estratégia, mais sutil, mas também mais honesta, é a seguinte. Sempre que você se deparar com uma notícia falsa, publique uma mensagem como esta que você está lendo agora, que é genérica, não trata de uma mentira específica que você tenha recebido, mas que exalta a necessidade de se ter muito cuidado com a disseminação de mentiras.

A grande maioria das notícias falsas que circulam hoje são de interesse político ou comerciais. Imagine uma nação inteira tomando decisões políticas com base nesses boatos que se espalham impulsionados por softwares (robôs sociais) e freneticamente repassados por fanáticos. Seria uma "daemoniumcracia" ("demoniacocracia"), ou algo parecido, uma democracia dos demônios e para os tolos, aqueles que repassam bobagens por impulso.

Além disso, em um país que não consegue mais distinguir entre realidade e fantasia, o risco de surgirem tragédias devido a movimentos de manada é muito alto. Movimento de manada é a expressão um usada para descrever situações em que indivíduos em grupo reagem todos da mesma forma, embora não exista direção planejada.

Estou exagerando? Não, tenho pensado muito nisso!

Os EUA, o Reino Unido e a França comprovaram que suas democracias foram afetadas pelas "fake news" (notícias falsas). Aliás, pesquisa do Reuters Institute mostra que poucas pessoas são capazes de discernir com facilidade uma notícia falsa de uma verdadeira.

No Brasil, houve um significativo crescimento da produção de notícias falsas durante a campanha da reeleição, em 2014, da presidente Dilma Rousseff e durante o seu impeachment, em agosto de 2016. Outra onda começou no inicio deste ano eleitoral.

A BBC Brasil informou, em abril de 2016, que na semana do impeachment, três dos cinco artigos mais compartilhados no Facebook eram falsos. Em 2015, a repórter Tai Nalon pediu demissão de seu cargo no jornal Folha de S. Paulo para iniciar o primeiro site de checagem de fatos no Brasil, chamado "Aos Fatos" ("To The Facts"). Nalon disse ao The Guardian que havia uma grande quantidade de notícias falsas, mas não quis fazer uma comparação com o que ocorreu nos EUA. De fato, o Brasil anda inundado de notícias falsas e segundo uma pesquisa [Editorial, Reuters. "Fake news hurts trust in media, mainstream outlets fare better: poll". U.S. Retrieved 2018-04-10] há, no Brasil, um número maior de pessoas que acreditam que as notícias falsas influenciaram o resultado das eleições (69%) do que nos Estados Unidos (47%).

Notícias falsas são muito perigosas e não apenas em relação à qualidade da democracia. Até fiz um artigo sobre isso no meu "blog". O título e o endereço são:
NOTÍCIA FALSA FAZ MAL, NÃO REPASSE!
http://almirquites.blogspot.com.br/2017/12/noticia-falsa-faz-mal-nao-repasse.html

Não é só isso. O IBGE, já em 2016, apontou que a internet estava presente em 63,6% dos lares brasileiros. Já temos uma geração de adolescentes e crianças que, em sua maioria, naturalmente vive num universo virtual (não é metáfora). Eles se comunicam e interagem como seres onipresentes, pelas chamadas redes sociais (Facebook, Twitter, Instagram, WhatsApp, Snapchat e mais alguns). Portanto, também no Brasil já deve haver uma ampla tentativa de controle do povo pela via tecnológica do universo virtual, o qual proporciona ao indivíduo uma sensação de realidade que o leva a adotar essa interação virtual como se fosse real.

Não se trata apenas de substituir a realidade por meio de notícias falsas, mas também de nos tornamos cobaias de experimentos sociais de controle, como os testes de preferências e de crenças. Trata-se de algo perigoso! Precisamos discutir isso mais a fundo e traçar estratégias de comportamento para poder manter nossa liberdade e nossa possibilidade de controlar nossos governantes. O povo não pode ser passivo a ponto de ser conduzido por um boiadeiro que tange o seu gado.

Notas finais:
  1. ➠ O Portal OS FATOS faz pesquisas em tempo real. Os políticos estão falando na TV e a equipe já vai checando a veracidade. O recente discurso de Lula no Sindicato dos Metalúrgicos, no dia que antecedeu a sua prisão estava encharcado de mentiras. Você pode constatar acessando o portal aqui: https://aosfatos.org/noticias/checamos-o-que-disse-lula-em-discurso-no-sindicato-dos-metalurgicos/
  2. A notícia falsa que recebi hoje foi esta: SAÚDE, VÍRUS MATANDO (http://www.boatos.org/saude/virus-h2n3-matando-brasil.html).
𝓐𝓵𝓶𝓲𝓻 𝓠𝓾𝓲𝓽𝓮𝓼
Almir Quites
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